terça-feira, 21 de agosto de 2012

Soluções elétricas - parte III

Em minha modesta opinião um dos atrativos na restauração de veículos antigos é tentar utilizar o máximo de peças originais. Acredito que isto venha da restauração de veículos militares, principalmente os jeeps da Segunda Grande Guerra (WWII). Existiam dois modelos, o Willys MB e o Ford GPW. O Sr. Henry Ford era um visionário e aproveitava qualquer oportunidade para fazer um marketing da sua marca. Uma das características do modelo GPW é que grande parte das peças tem um pequeno F (estilizado) estampado em baixo relevo nelas, inclusive os parafusos (hexagonais) tem este F inscrito em sua cabeça mas em alto relevo. Estes parafusos são muito procurados e hoje já existem réplicas deles. É recomendável que uma restauração criteriosa de um Ford GPW possua todas as peças e parafusos com o F inscrito, mas isto nem sempre é fácil. Talvez agora o meu amigo João Cesar do blog Máquinas & Histórias comece a entender esta "loucura" pela busca de peças originais nas incursões aos desmanches. Hoje vou mostrar o processo de recuperação  dos conectores de emendas de cabos da VW. É um item muito fácil de achar nos VW´s que estão em desmanches e possuem baixo custo na aquisição pois segundo os donos são raros os "malucos" que procuram estas peças. Aqui na cidade segundo eles sou o único que já foi atrás disto. Geralmente estas peças são encontradas com resquícios de tinta e uma boa camada de graxa/óleo misturada com terra conforme ilustrado nas fotos abaixo:

O primeiro passo na recuperação destas peças é deixar estes conectores de molho em thinner (recomendo o para laca nitrocelulose que é forte e possui custo benefício bom) ou gasolina (melhor custo ainda) para desmanchar a tinta e a graxa/óleo. O passo seguinte é remover com o auxílio de uma escovinha esta sujeira externa. Para limpar a parte interna você pode utilizar uma chave de fenda bem fina. Ao final do processo lave com água e detergente de louças com o auxílio da escovinha. Se você tiver um compressor, dê jatos de ar no interior para tentar remover a sujeira que ficou. Depois disto deixe de molho novamente em sabão em pó. O sabão em pó é bem eficiente em limpar o que ficou. É claro que o amarelado do plástico provocado pela ação do tempo não será eliminado, mas o aspecto fica muito bom. Eu costumo deixar de molho tanto no solvente como no sabão sempre de um dia para outro. Confira:
Vejam que belezinhas com o logo da VW e a marca do fabricante: Polimatic.

Garimpando peças II

Ontem recebi um e-mail do antigomobilista Edú de Tubarão. Ele acompanha o blog e foi quem me vendeu as peças citadas abaixo. Conforme comenta no e-mail, procura vender as peças sobressalentes que possui a um preço justo e com isto facilitar a restauração dos veículos antigos. O pensamento do Edú é extremamente correto pois atualmente as peças antigas nestes tempos de internet estão com preços absurdos no comércio tradicional e Mercado Livre. Eu procuro ter algumas peças sobressalentes para servirem como moeda de troca, o popular escambo. Foi assim que adquiri o parabrisas atualmente instalado no KG (antes era um degradê) onde fiz a troca com o parabrisas antigo e mais vidros da porta do KG 1964 com um amigo e antigomobilista aqui da cidade. Em outra oportunidade já comentada aqui no blog encontrei um velocímetro original, com a data compatível ao meu KG, também a preço camarada em um encontro de carros antigos (vide postagem Hoje vou abrir um pequeno parenteses).

domingo, 19 de agosto de 2012

Garimpando peças

Uma das tarefas que é bastante difícil em uma restauração é a de encontrar peças originais para que o trabalho fique o mais fiel possível. Além das tradicionais visitas aos desmanches outra oportunidade para encontrar peças são os encontros de veículos antigos. Neste final de semana aconteceu o XVI Encontro de Veículos Antigos promovido pelo VCC de Criciúma, que nos últimos três anos aconteceu na cidade de Termas do Gravatal (distante 60 Km de Criciúma). Neste ano infelizmente nenhum comerciante de peças compareceu ao evento, mas por sorte um dos expositores de veículos também estava vendendo umas poucas peças sobressalentes. Aproveitei e arrematei um cabo de afogador novo e original da Kombi por R$ 20,00. O cabo é o mesmo do KG, apenas possui comprimento maior que será cortado no tamanho correto. Ele também tinha dois braços do limpador do Fusca antigo. Aproveitei e arremantei para o meu estoque.

Restauração elétrica - parte II

Hoje consegui terminar a restauração do chicote traseiro. Agora está tudo pronto e aqui só falta instalar a bateria e o motor. Na parte frontal falta pouca coisa: ligar motor do limpador, instalar chave do limpador e cabo do afogador. Ainda não pintei o tanque e isto deve acontecer no decorrer da semana.
Algumas fotos da restauração do chicote traseiro e a forração re-instalada:

E aqui uma foto da caixa de fusíveis concluída:

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Restauração da elétrica

Vou postar algumas fotos da restauração elétrica com a vista geral dos chicotes em seus devidos lugares.
Estas primeiras fotos mostram o início dos trabalhos na parte dianteira. Reparem que o relé de faróis ainda não é o original de alumínio e os cabos/chicotes ainda não estão organizados. A parte do chassis está totalmente empoeirada. Após a conclusão da elétrica e antes de instalar o tanque será limpa. O cilindro mestre de freio também será trocado. Está instalado um de VW moderno com entrada de duas mangueiras. Vou colocar um conforme o original, com apenas uma entrada. 

Aqui uma vista do chicote traseiro. Eu fui obrigado a remover toda a forração isolante do cofre do motor que já estava instalada para refazer o chicote. Existia apenas um único e grosso chicote traseiro que ia do lado esquerdo para o direito. Isto formava um enorme "calombo" na forração. Não estava como o original onde ele deriva logo no início, e uma parte passa pela frente do motor e a outra atrás da forração isolante.

Diagramas e fotos de instalação original utilizados na restauração da parte elétrica 

Cabo de bateria conforme modelo original. Este modelo de conector é muito dificil de encontrar. Foi uma peregrinação por várias auto elétricas aqui da cidade com uma foto do modelo que eu queria. Reparem que ele é muito similar ao original, mas tem um parafuso para apertar o cabo. Eliminei o parafuso e preenchi o buraco com estanho. Todo o cabo está estanhado dentro do conector.



Soluções elétricas - parte II

Como falei anteriormente eu sou perfeccionista e "de vez em sempre" prefiro demorar a terminar um trabalho a fazer algo "meia boca". É claro que o preço disto é uma restauração mais demorada. Um exemplo desta mania é um singelo conector do farol. Qualquer eletricista automotivo pegaria um novo conector, destes do mercado paralelo que já vem com os 3 pedaços de fio pendurados, emendaria os fios e pronto. Eu recorri a um expediente citado no tópico anterior que foi a busca de doadores. Busquei nos desmanches conectores originais com o logo da VW, realizei a limpeza dos mesmos e de seus contatos e soldei os cabos nos conectores originais. Estes conectores eram fabricados por algumas empresas entre elas a AMP (Tyco - americana) e a bem conhecida Marília.

Nas duas fotos abaixo o estado em que geralmente são encontrados os conectores de faróis nos desmanches. Fazer o isolamento dos fios com fita crepe é algo bastante comum (e incorreto é claro) nos veículos que encontramos.

Após um "trato" com thinner para remoção da sujeira e um molho em sabão em pó (para os plásticos) e escova de aço rotativa nos metais chegamos ao resultado abaixo:

É claro que isto é um preciosismo e ninguém vai dar bola pois fica escondido, mas eu sei o que tem ali. É que nem rede de esgoto pública, o prefeito não faz porque os canos ficam enterrados e ninguém "vê" o trabalho.

Aqui um exemplo de chaves originais que foram garimpadas em desmanches e passaram por um processo de restauração: 

Tem também os relés...qual eletricista vai se dar ao trabalho de catar relés de alumínio originais, testar, limpar, etc... se é mais fácil pegar um novo de plástico, colocar ali funcionando. Ninguém vai ver....


Recebo inúmeras "críticas" que a restauração nunca fica pronta, que eu não quero pagar para os outros fazerem o serviço, etc... . Como eu sempre digo, o problema é pagar e não ter o serviço que a gente deseja. É muito, mas muito raro, você encontrar um prestador de serviços que vai se preocupar com este nível de detalhamento. O negócio é produção rápida, faturamento rápido. São os tempos modernos....
Como eu sempre digo aqui na empresa nos trabalhos que executamos: funcionar é básico, é fundamental, mas o trabalho tem que ser agradável aos olhos, o resultado tem que ser bonito, você tem que ter orgulho do resultado de seu trabalho. Apenas para esclarecer, eu trabalho com cabeamento estruturado, redes de computadores. Aposto que alguns já pensaram: isto é aquela "maçaroca" de cabos lá no CPD (ou sala do TI). Quem tiver curiosidade em ver o que digo pode acessar www.amboni.com.br e conferir as fotos.


Soluções elétricas - parte I

Meu grande amigo Luciano, autor do melhor blog sobre SP2 o famoso VW SP2 Um Clássico Nacional, fez algumas observações sobre o chicote elétrico que passo a esclarecer:
1) realmente o chicote do SP1/SP2 é mais complexo que o do KG. A caixa de fusível do KG tem apenas 08 posições, semelhante a do Fusca. A posição de trabalho para fazer a manutenção elétrica no KG também é bem melhor, você trabalha sobre o chicote, enquanto que no SP1/SP2 você tem que trabalhar deitado, sob o painel e com um espaço extremamente reduzido (é claro que retirando o painel as coisas melhoram, mas não dá para fazer isto no dia a dia, apenas quando o carro estiver desmontado).
2) o SP1/SP2 tem o diagrama elétrico disponível na internet. Quando restaurei o meu SP1, eu imprimi em formato grande (A0), plastifiquei e fiz um poster, que coloquei pendurado na parede da garagem. A plastificação permite que você use uma caneta de transparência para ir marcando o que foi executado e anotando observações. Depois do trabalho concluído basta passar um pano com álcool que remove tudo o que foi escrito. No caso do KG, como não existe um diagrama do modelo nacional, eu fiz diversas impressões em A4 colorido das que obtive (citadas no tópico anterior) e vou anotando nelas. O padrão de cores de fios utilizado pela VW é basicamente o mesmo em quase todos os veículos. Isto facilita as deduções lógicas (viva o Sr. Spock).
3) outra dúvida do Luciano: onde encontrar os fios com padrão de cores da VW. Bem meu caro Watson, ops Luciano, isto é mais difícil pois eles não estão disponíveis nas lojas de material elétrico e daí tenho duas dicas: a primeira é encontrar "doadores" em desmanches, Fuscas, Brasílias, etc.... como citei a VW usava basicamente os mesmos padrões de cores de fios em seus veículos, então conseguindo alguns chicotes destes outros carros, você consegue montar um "acervo" de fios para restaurar o chicote do seu veículo. Os fios podem ser limpos com o auxílio de thinner. A segunda dica: quando você não tiver o fio na cor padrão e no comprimento desejado e tiver apenas um pedaço dele, é "otimizar" este pedaço disponível. Explico: você tem apenas um pedaço de fio preto com listras amarelas. Corte este pedaço no meio, solde cada pedaço destes na extremidade de um fio preto (da mesma bitola), com isto você vai ter um fio que começa preto com listras amarelas e chega na outra extremidade do chicote com a mesma cor. Como a parte intermediária geralmente fica dentro do espaguete e o que interessa são as extemidades para você fazer a ligação correta, este recurso permite manter o padrão de cores. Tá mas alguém vai dizer: eu não tenho nenhum pedaço....bem daí você usa um fio da cor básica (neste exemplo o preto) com a mesma bitola. Não vai ficar no padrão, mas pelo menos você respeitou a cor básica e a bitola do cabo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Gambiarras elétricas

Apenas para ilustrar o que comentei no tópico abaixo, coloco 03 fotos das gambiarras que encontrei no chicote elétrico traseiro. A primeira era a quantidade de fita isolante, fios e espaguetes que foram eliminados. A segunda e terceira é do padrão de emendas de fios encontrados. Um mesmo fio com 2 emendas seguidas e troca de padrão de cor. O modo correto de fazer as emendas já foi alvo de discussão em outro tópico: emendas com solda de estanho mantendo a cor padrão do cabo e espaguete termocontrátil para isolar.





O retorno de Jedi

Após uma longa e tenebrosa pausa, volto a postar no blog. Neste tempo de ausência de notícias o processo de restauração caminhou bem devagar. Isto se deve a minha mania de perfeccionismo, pois prefiro demorar na execução, a fazer algo que necessitará ser refeito posteriormente. Como nem sempre as coisas acontecem conforme tracei acabo desanimando. Fico bastante chateado quando vejo que algo que deveria ter sido bem feito não o foi e necessitará retrabalho para corrigir. Acabo deixando de lado até esfriar e por isto a restauração está lenta.

 A montagem e tapeçaria foi "concluída" no mês de maio. Ainda faltam alguns ajustes que serão feitos depois de finalizada a montagem e os testes realizados. Por ajustes entenda-se o famoso retrabalho.

Levei o KG para casa para revisar as instalações elétricas. O que encontrei foi algo sem comentários....Eu tive que desmanchar todos os chicotes para eliminar as gambiarras feitas pelos "eletricistas de plantão". Haviam fios que ligavam nada a lugar nenhum, emendas mal feitas, cabos montados de forma incorreta, fios que começavam com uma cor e chegavam com outra. Sinceramente eu não sei porque tem gente com mania de fazer gambiarra. Basta manter o chicote original, não inventar moda, que tudo funciona. Mas sempre tem "os entendidos" que se acham melhor do que quem fez o projeto. Não sei como o carro funcionava e também como não pegou fogo devido as porcarias feitas.
A melhor opção foi começar da estaca zero, ou seja, desmanchar tudo e re-montar os chicotes originais respeitando o padrão de cores, bitolas de fios e trajetos corretos. É um processo moroso que necessita extrema atenção e tempo. Como só consigo me dedicar aos finais de semana (alguns) e algumas poucas horas a noite durante a semana o processo é lento. Não existe documentação dos circuitos elétricos deste modelo. Para refazer os chicotes usei os diagramas que encontrei na internet de modelos de KG americanos, do Fusca 1300 e uma boa dose de lógica, como diria o Sr. Spock e os conhecimentos de eletricidade e eletrônica adquiridos nos tempos de adolescente. Com isto foi possível restaurar tal qual o original sua parte elétrica.

Aos poucos vou comentando aqui no blog (espero que de forma mais frequente) o processo de restauração elétrica.

Agora coloco algumas fotos do interior concluído.